Alô Primavera

Acordei às 7:30 da manhã com o som do despertador do smartphone, que já se tornou irritante o suficiente para parecer o canto de um bando de pássaros com desarranjos gastro intestinais.

Passei a noite a sonhar, numa espécie de reunião interdimensional de condomínio.

O dia a começar e já estava exausto, ainda não era desta que entrava para o clube das 5 da manhã e de gente que acorda enérgica para atacar o planeta e conquistar o mundo.

Funciona lindamente nos livros de auto ajuda, do estilo "seja o maior a resolver as suas merdas".

Levantei-me, curti o sol que entrava pela janela e fui beber o belo do café preto sem açúcar, aquilo que nos desperta os sentidos e coloca alerta.

Meti a mão no bolso do robe e pensei que tinha encontrado uma imagem da Cristina Ferreira, tinha o dia ganho, era um sinal divino.

Mas não, eram apenas dois rebuçados de gengibre do mercadona, ora foda-se, menos mal que tiram a tosse, comi um.

Depois fumei um cigarro para contrariar o efeito anti tosse do rebuçado, que gosto de manter os meus paradoxos activos e decidi sair, arejar e fazer fotossíntese.

Fui cortar o cabelo e a barba, para aliviar um certo aspecto de 25 de Abril sempre que se tinha instalado capilarmente na cabeça e na cara, fiquei aliviado e condizente com a Primavera, já não corria o risco de ter a cara num meme ou numa T-shirt a dizer "hasta la vitória".

Senti-me menos comunista e um pouco mais liberal.

Fiquei feliz, o dia estava a correr de feição, os óculos de sol pregados na cara e a vida a acontecer.

Fiz alguns contactos afáveis, obtive informações simpáticas e boas notícias.

Tudo sem Cristina Ferreira. Foi um dia bastante bom.

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