Autárquicas 2013, o pão na boca de muitos
Mange ma baguette, o pão na boca de muitos |
Portugal está em absoluto extâse autárquico...
Tenho me esfalfado em pesquisas, para encontrar um programa autárquico concreto e conciso, para poder decidir em conformidade para onde vai o meu voto e os subsequentes 15 euros nos próximos 4 anos (é quanto o estado paga por cada voto...).
No entanto, depois de horas de pesquisas, não encontrei propostas de valor que pareçam subsistir à data da ida às urnas, 29 de Setembro.
As máquinas partidárias, que sobrevivem à conta deste fenómeno eleitoralista, dão o seu apoio a quem lhes possa aportar mais comissões, cargos, negócios e apoios.
E se agora os slogans se desmultiplicam em "todos juntos" é porque o eleitor ainda não depositou o papelote na urna com o cheque em branco da cruz no simbolo para delegar o seu poder de decisão, num gajo qualquer...
Depois de 29 de Setembro, já não será necessário que sejam "todos juntos", apenas os suficientes para ganhar, depois disso, adeuzinho e contamos consigo daqui a 4 anos para mais uma ronda de pedinchice...
É uma gigante feira de emprego e negócios que percorre o país, aglutina os clãs e dá o pão a uns quantos durante a ocorrência do fenómeno enquanto garante a subsistência acima da linha de água dos cortes, austeridades e outras manigâncias governamentais durante os próximos 4 anos...
Listas com famílias inteiras, famílias inteiras em mais do que uma lista (para cobrir todas as opções possíveis) e individuos em mais do que uma lista, porque importa ganhar e manter o elo de ligação com quem ocupa os lugares das decisões...
Mais não são, do que bandos de pardais, rogando por migalhas que caem do regaço da mãe Europa, através de subsídios e fundos...
Assim os candidatos aos empregos autárquicos vivem espalhados em outdoors poluentes do espaço visual, que enojam e ferem a vista com slogans sofríveis da sensibilidade estética e do bom gosto dos passantes...
Quantos candidatos vão remover o lixo que espalharam em campanha depois do acto eleitoral?
Quantos candidatos existiriam, se as decisões não fossem delegadas num legítimo representante, mas aprovadas pela população, sem o maniqueísmo dos apoios partidários ou sem os avultados salários face à realidade laboral portuguesa da força de trabalho...?
Quantos seriam os candidatos, que fariam a sua candidatura para ajudar voluntariamente a troco de nada, aquilo que dizem ser a sua comunidade, a sua terra? Mesmo quando se limitam a saltar de município...
Certamente que o nível de poluição visual em cada rotunda seria muito inferior ao actual.
Ninguém questiona o absurdo, o óbvio e a hipocrisia...
Seguem apenas, entre sorrisos e aplausos, sessões de escovagem e outras filosofias de lambe botismo, à espera quelhes caia uma simples migalha no regaço e que dê a ilusória sensação de segurança e proximidade ao poder.
Porém é notório, um acréscimo de desespero inerente a estas eleições, seja pela situação económica que atravessamos, quer pelas movimentações independentes na sua maioria pertencentes aos dinossauros autárquicos que constituiram os seus feudos por esse país fora e os veêm subitamente ameaçados, quer pelas desacreditadas máquinas partidárias.
Todos sabemos que qualquer que seja a escolha feita nas urnas, trata-se de delegar o poder de decisão num sistema no qual a maior parte de nós não confia e no qual não crê plenamente através de uma simples cruz e com o prazo de 4 anos.
Chamam a esta ilusória sensação de escolha por entre os previamente escolhidos (por alguém...) de "democracia", mas está longe de o ser.
O eleitor está apenas a transferir o seu poder de decisão para uma entidade que será financiada nos próximos 4 anos pelos boletins recolhidos em seu nome, nada mais e por esse motivo conta consigo de forma insistente até 29 de Setembro...
Depois disso, só daqui a 4 anos.
Tenho a esperança, de conseguir encontrar uma proposta de valor autárquico, uma ideia com valor, ou um projecto que decida o sentido do meu voto, tenho mais 19 dias para a encontrar...
Senão espera-se mais 4 anos.
Baseado apenas nos outdoors nauseabundos, segue-se o branco (cuja verba se divide pelos candidatos), ou a simples abstenção como forma de protesto contra uma lei eleitoral refém da lógica partidária e parasitária.
Bem lá no fundo, estarei à espera de ser convencido por alguém de que é boa ideia votar em a), b) ou c), sabendo de antemão 3 coisas:
1- Que sou dificil de convencer e talvez seja penoso para qualquer candidato tanto trabalho por apenas um simples voto
2- Que a maior parte das perguntas que faço, são demasiado incómodas para serem respondidas por alguém que apenas quer ganhar o pão nosso de cada dia e arranjar um emprego para si e para os seus.
3- Há ainda uma parte de mim que rejeita esta lei eleitoral, os dinossauros e salta pocinhas autárquicos, a reforma autárquica e acha que estas eleições deveriam ser boicotadas de norte a sul do país, pondo fim a este ilusório jogo de hipocrisia.
19 dias para decidir o sentido de voto...
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