Navegar a R@volução
Para quem ainda não percebeu, a revolução está a acontecer.
As conquistas do 25 de Abril de 74 e posteriormente do 25 de Novembro de 76, foram etapas marcantes no desenvolvimento da sociedade portuguesa tal como a temos hoje...
Outras ainda, terão o seu devido lugar na história, como a adesão à CEE, o tratado de Maastricht e o tratado de Lisboa.
O passado traz-nos ao presente, mas quem é o responsável pelo desenho do futuro?
Cada um de nós...
Da mesma forma que em 74 colocámos a extrema esquerda ao comando, cedo se percebeu que o radicalismo não era solução, seguindo-se o golpe de 76, colocando "forças moderadas" (PS, PSD, CDS) no poder...
Hoje essas mesmas "forças moderadas", constituem um presidente, um governo e uma maioria de direita...
E a moderação do passado, traduz-se hoje na eliminação e alienação do estado social, do património público, da economia nacional, da iniciativa privada, da cultura e de Portugal como estado nação.
Podemos concluir que 39 anos depois de Abril de 74, estamos do lado oposto do espelho, vivendo um absoluto reflexo daquele dia de chaimites e cravos, onde as subjectivas liberdade e democracia traçaram o mote.
Todavia a pergunta subsiste, quem está no comando?
Hoje temos a liberdade de comunicar no advento das redes sociais e a democracia implementada do cheque em branco, da cruz no simbolo...
Mesmo vivendo em plena guerra de informação e contra informação e mesmo que os programas eleitorais a concurso sejam o oposto da realidade pós eleição.
Isto é transversal a todos os partidos e todas as classes, se a maioria decide por todos, a todos afecta...
Mas será a maioria que decide?
O PREC (periodo revolucionário em curso) de 74-76 deu-nos a oportunidade de implementar uma democracia made in Estados Unidos, onde 76 desfez muito do que 74 apregoou...
Hoje, 39 anos depois, estamos na iminência de provar um regime decidido pela UE, com uma dominante influência Alemã.
O dinheiro decide e os mercados que manipulam os preços (do dinheiro inclusive), são soberanos.
Assim, entre quem produz o dinheiro e aqueles que o comercializam como mercadoria, representados pela troika, tem o poder do bem ao dispor, mas também o poder de exterminar por completo qualquer estado nação e o seu povo se assim o desejarem.
Todos aqueles que se manifestam hoje, tem por fundamento directo ou indirecto razões monetárias...
Da mesma forma, todas as decisões governativas do executivo são pautadas em regime de exclusividade pelo simples critério economico financeiro.
O dinheiro de valor variável, é a mercadoria chave que permite adquirir todas as mercadorias...
No entanto o papel moeda, que já de si é uma promissória de valor, vê se substituido pelo crédito, que é uma promissória de promissória, seguindo-se todos os produtos derivados do crédito, como os swaps e os títulos de dívida, promissórias de promissórias de promissórias de valor variável...
Esta loucura de promessas por cumprir, arruinou a confiança de investidores e consumidores e colocou todas as partes do mundo no mesmo barco, esgrimindo pelos papeis promissória impressos a rodos.
Como se sai daqui?
Cavaco fez o habitual discurso do medo que o caracteriza, eleições não resolvem...
Porque além do inimigo interno da corrupção clientelar partidária ao qual o próprio pertence, existe também o inimigo externo invasor, que além de financiar "os caseiros" abundantemente, também lhes dita as ordens, prova-o a bandeira ao contrário do 5 de Outubro.
Aquilo que ruir nestes tempos conturbados, certamente não servirá ao futuro...
Não resolveremos a situação actual camuflando-a com estágios e linhas de crédito, enquanto se persegue fiscalmente tudo o que mexe, até porque o resultado está à vista...
Paramos todos de nos mexer ou vamos mexer- nos para outro ponto qualquer do globo.
Fala-se muito de empresas exportadoras, mas ninguém fala da sustentabilidade do mercado interno.
Fala-se muito de finanças e pouco de economia.
Fala-se muito de partidos e pouco de ideias.
Faz-se muito alarido pelo que não se quer, e o que queremos (além de mais dinheiro, claro!)?
Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.
Se o 25 de Abril trouxe a liberdade e a democracia, vamos aprofundar...
A liberdade de produzir e comercializar internamente.
A democracia de eleger representantes que defendam outros pontos de vista além dos mercados ou da simples finança de swaps de promissórias.
Sempre atendendo à tolerância, a solução não passa por extermínios, exclusões, violência, a vinda do messias salvador, eliminação de partidos e afins...
Estamos a ser conduzidos, de forma muito eficaz por forças que percebem os comportamentos das massas, rumo aos extremismos de outros tempos.
As soluções:
Ter filhos em barda (pode parecer um contrasenso, mas evita a extinção de uma "genetic pool" peculiar como é o caso de Portugal), ensiná-los a pensar e agir em conformidade com mindsets apropriados e espírito critico entre a realidade imposta e percepcionada.
Se o sistema de ensino se está a decompor, então home schoolling, criar nichos de tutoria das novas gerações, com formação cívica de cidadania activa.
A saúde terá que integrar terapias holísticas, para os diagnósticos sem resposta e os indicadores serão efectuados por taxa de cura e não taxa de internamento.
Sistemas de gestão local/regional de utilidades públicas, água, energia, serviços, certamente muitas autarquias prejudicadas pelas decisões do poder central e tem aqui uma oportunidade clara de fortalecer os seus eleitorados.
Apostar na reabilitação urbana de espaços através de iniciativa pública ou privada, facilitando o acesso a habitação, saude, educação, lazer, cultura.
Desenvolver sinergias entre estruturas de desenvolvimento local regional, para a melhoria das condições do meio envolvente.
Ganhar tempo e espaço pela preservação da natureza e dos recursos naturais.
Zelar pelo património existente, qualquer que seja a sua natureza.
Todas estas iniciativas serão geradoras de emprego e de reconhecida utilidade pública às populações.
E se esta geração não revolucionar o presente, ter filhos em barda, fará com que a próxima geração revolucione o futuro.
A acção directa, não dá margem para o sistema actuar de outra forma que não pela repressão...
Aí prevalece apenas o bom exemplo, o construtivo, o integrador, respeitando a vontade das partes, sem imposição.
Se cada um de nós tiver em si a essência do bem, aquilo que vivemos hoje podem ser águas (bem tranquilas) de revolução.
www.farplex.blogspot.com
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