Produtividade
Ouve-se falar muito em produtividade nos dias de hoje... Mas importa verdadeiramente ser produtivo no mundo do hiperconsumo?
Pessoalmente acho que as personagens que vem aos media falar de produtividade confundem o termo com escravidão...
Fala-se muito que o trabalhador Português não é produtivo, que não rende, que é preguiçoso, que fuma cigarros e imagine-se o escândalo que vai ao WC e ocasionalmente fica doente... O que os especialistas designam de "absentismo"... enfim!
Dizem essas aves raras, que o Português é mestre em gestão do trabalho e que gosta mesmo é de não fazer nenhum...
As verdadeiras gorduras sebosas do estado (também conhecidos como "governo em funções"!), decidiram depois de cortar quase tudo o que era possível, rumo ao "Portugal Africano" de Passos Coelho, aumentar a jornada de trabalho em 30 minutos diários para aumentar a produtividade.
E aqui é que a porca da produtividade torce o rabo:
1º- Trabalha-se porque se quer ganhar dinheiro que é pago pelas tarefas desempenhadas, se assim não for, qual é a lógica de trabalhar? Se os cortes no dinheiro disponível no final do mês são cada vez maiores... Não esperem mais trabalho ou tarefas desempenhadas com mais azáfama...
2º- Aturar chefias mal formadas, incompetentes, mal educadas, arrogantes, etc... Relações de trabalho tensas, com colegas de trabalho invejosos ou que acham que serão promovidos se forem o "bufo" de serviço, mais meia hora todos os dias...
3º- A maior parte das pessoas já faz essa meia hora extra... e mais, muito mais... mas imagine-se, nunca lhe foi paga uma única hora extraordinária, nem tão pouco compensado em férias...
Mas o chefe reparou naquele dia em que picou o ponto com 2 minutos de atraso.
4º-Além das horas extra de trabalho não remuneradas, cortes e maus tratos psicológicos, não raras as vezes, você utiliza os seus pertences pessoais no desempenho das suas tarefas, porque o patronato não pode fazer despesas.
Carro, portátil, telémovel, internet, combustível, fardamentos, etc...
5º- Contabilize também as horas que passa ao volante para chegar ao seu trabalho e o combustível que gasta, se for de transportes públicos, não melhora a situação porque os preços dispararam em flecha...
6º- Além de nunca ser reconhecido por tudo o que abdicou na sua vida pessoal em prol do seu trabalho, ainda terá que ouvir desaforos, nomeadamente da parte de hierarquias superiores, referindo que você não é produtivo o suficiente, que o seu trabalho não tem a qualidade esperada ou que é simplesmente preguiçoso...
Especialmente quando exerce a sua função e a de outras 6 ou 7 pessoas que não foram contratadas para cortar nos gastos.
7º- É muito provável que o seu vínculo laboral seja precário, que não tenha direito a grande coisa e se estiver a recibos verdes pior... Nem subsídio de desemprego, com a segurança social e o fisco à sempre à perna, debicando no já esclerosado salário...Planos de futuro, apenas com uma certeza de 6 meses na melhor das hipóteses.
8º- Poderá exercer as suas funções num pardieiro, sem condições de salubridade, sem qualquer tipo de segurança ou o mínimo de condições exigíveis, o seu patrão dirá: "...não se queixe, tem emprego..."
9º- É muito provável que aquela promoção pela qual espera (e se esforçou!) durante anos, seja atribuída ao "filho de...", ou "sobrinho de..." ou outro merdas qualquer com cartão de militante.
10º- Para mim a mais difícil de todas... Ouvir as maiores barbaridades e ser obrigado a executá-las, com um sorriso nos lábios, mesmo sabendo que será só e apenas em nome de um bem (leia-se lucro!) maior...
Com isto tudo espera-se que o trabalhador esteja motivado, seja produtivo e tenha gosto no trabalho!
VÃO PÁ PUTA QUE VOS PARIU
Um conselho:
Experimentem oferecer o salário de um trabalhador alemão a um Português e respectivas regalias inerentes e verão se os Portugueses são realmente produtivos.
É que mão de obra Portuguesa, serve perfeitamente em todo o mundo e é produtiva, só em Portugal é que não dá.
Talvez o defeito não seja da mão de obra , mas do chicote...
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